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28 agosto 2017

~~ BEIJO DE SAUDADE ~~


~~  Poesia e música de Cabo Verde ~~


Tito Paris foi condecorado pelo PR, Marcelo R. de Sousa, no Palácio de Belém,
 em Abril de 2017. É um divulgador entusiasta da música do seu país, em Lisboa.
Muito querido no meio artístico, tem feito parcerias interessantes, como esta...


O autor e compositor foi Francisco Xavier da Cruz, conhecido por B Leza.

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C M Lisboa - Medalha de Mérito a Tito Paris - aqui


~~~  Poema bilingue ~~~

A língua coloquial cabo-verdiana está prestes a ser adotada como 2ª lingua oficial.

~~ Beijo de Saudade ~~
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          Ondas sagradas do Tejo
    Onda sagrada di Tejo        
       Deixa-me beijar as tuas águas
Dixám'bejábu bô água        
       Deixa-me dar-te um beijo
Dixám'dabu um bêjo        
       Um beijo de mágoa
Um bêjo di mágoa        
       Um beijo de saudade
Um bêjo de sodadi        
       Para levar ao mar e o mar à minha terra
 Pá bô levá mar, pá mar leval'nha terra       
  

                     Nas tuas ondas cristalinas
Na bôs onda cristalina        
       Deixa-me dar-te um beijo
Dixám'abú um bêjo        
       Na tua boca de menina
Na bô boca di minina        
       Deixa-me dar-te um beijo, oh Tejo
Dixám'dabu um bêjo, oh Tejo        
       Um beijo de mágoa
Um bêjo di mágoa        
       Um beijo de saudade
Um bêjo di saudadi        
       Para levar ao mar e o mar à minha terra
Pá bô levá mar, pá mar levál'nha terra       .
    

         Minha terra é aquela pequenina
Nha terra ê quêl piqinino        
       É Cabo Verde terra minha
È Cabo Verde, quêl quê di mio         
       Aquela que no mar parece criança
Aquel que na mar parcê minino        
       É filha do oceano
È fidjo d'oceano        
        É filha do céu
È fidjo di céu        
       Terra da minha mãe
Terra di nha mãe        
       Terra dos meus amores
Terra di nha cretcheu
Francisco Xavier da Cruz       

   Nota. Peço desculpa por algum lapso ortográfico que tenha cometido na língua crioula.

Baía do Mindelo, cidade natal de Tito Paris - Wikipedia

Francisco Xavier da Cruz não foi apenas um compositor extraordinário
que remodelou a música do seu país, mas também foi poeta e escritor,
deixando como legado à cultura de Cabo Verde, quatro livros,
essencialmente de poesia.
Amado pelo povo, a sua genialidade permanece em memórias sentidas
 num misto de realidade e lendas fantásticas.
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Talvez deseje rever esta publicação sobre Cabo Verde...Aqui

25 agosto 2017

~~ MIA COUTO ~~



~~ O escritor africano que pertence à Academia Brasileira de Letras ~~

Banda que usa línguas autóctones

*** Poemas inspirados em África ***

Fotos da Reserva Especial de Maputo, Moçambique. 

É um dos escritores da Língua Portuguesa mais premiado e prolífero,
porém, Mia Couto mantém-se fiel à sua paixão por ecologia, realizando
estudos, principalmemte de gestão da zona costeira e continuando
como professor universitário dessa cadeira, em Maputo.


~~  Promessa De Uma Noite  ~~

cruzo as mãos
sobre as montanhas
um rio esvai-se
no fogo do gesto
que inflamo

a lua eleva-se
na tua fronte
enquanto tacteias a pedra
até ser flor

1999

                              
                              

~~ Seios e Anseios ~~

As vezes que morri
boca derramada entre os teus seios
todas essas vezes
não me deram luto
porque, de mim, eu em ti nascia.

Todos esses abismos,
meu amor,
não me deram regresso.

Depois de ti,
não há caminhos.

Porque eu nasci
antes de haver vida,
depois de tu chegares. 

2011

                              
                              

~~ No Teu Rosto ~~

No teu rosto
Competem mil madrugadas

Nos teus lábios
a raiz do sangue
procura suas pétalas.

A tua beleza
é essa luta de sombras
é o sobressalto da luz
num tremor de água
é a boca da paixão
mordendo o meu sossego 

1999

                                         
                              
                               
~~ Clique numa foto ~~

22 agosto 2017

~~ ALDA LARA ~~



... Tradução - Aqui ...

Alda Lara com o marido, médico e escritor,
e os filhos Pedro, João e Luís
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Já referi que Alda Lara frequentou a Casa dos Estudantes do Império
em Lisboa, animando saraus e tertúlias, sendo excelente declamadora.
Quando começaram  a proliferar os primeiros ideais de guerrilha,
que repugnavam a poetisa, mudou-se com o marido para Coimbra.
Não conheço a base real deste poema, mas tendo-os conhecido
tão bem, tenho a certeza que estes «abutres» referem-se aos agentes
da polícia de defesa do estado, durante a ditadura fascista.



~~~ Meu Bergantim ~~~

Meu bergantim, onde vens,
Que não te posso avistar?
Bergantim! Meu bergantim!
Quero partir rumo ao mar...
~~~
Tenho pressa! Tenho pressa!
Já vejo abutres voando
Além, por cima de mim...
Tenho medo... Tenho medo
de me não chegar ao fim.


Meus braços estão torcidos,
Minha boca foi rasgada.
Mas os olhos, estão bem vivos,
E esperam, presos ao Céu...
~~~
Que haverá p'ra além da noite?
Para além da noite de breu?


Ah! Bergantim, como tardas...
Não vês meu corpo jazendo
Na praia, do mar esquecido?...
Esse mar que eu quis viver
E sacudir e beijar,
Sem ondas mansas cobrindo-o...
~~~
Quem dera viesses já...
Que vai ficando bem tarde!
E eu não me quero acabar,
Sem ver o que há para além
Deste grande, imenso céu
E desta noite de breu...


Não quero morrer serena
Em cada hora que passa
Sem conseguir avistar-te...
Com o meu olhar enxergando
Apenas a noite escura,
E as aves negras, voando...
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Fotos de Praias de Benguela: Morena, Baía Azul e da Baía Farta. Clique sobre uma.

Fontes das fotos - A - B - C - D 

19 agosto 2017

«AS ÁRVORES MORREM DE PÉ»




... E continuam a morrer ...

E  ninguém me diga que não são ações de extremistas políticos,
porque estou plenamente disso convicta.

~~ Pedrogão ~~

Esta fotografia correu a comunicação internacional...
No meio de vasta área queimada, árvores como ciprestes, carvalhos e castanheiras,
espécies autóctones, resistem ao fogo...
>>>  Aqui   e  Aqui <<<

«Cada árvore é um ser para ser em nós»

Uma castanheira

Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-la
A árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore, nós partilhamos o mundo com os deuses.

António Ramos Rosa
O Poeta do Algarve
1924 - 2013
Um resistente contra a «ditadura do banal»


Poderá gostar de ler esta postagrm sobre o Poeta - Aqui
 

17 agosto 2017

DRUMMOND DE ANDRADE



Com cerca de 85 anos, 12 dias após o falecimento de sua filha,
partiu definitivamente - há 30 anos - o ilustre Poeta...
do Rio de Janeiro, cidade onde vivia desde os seus 32 anos.
Seu coração não resistiu ao profundo desgosto.
Para assinalar esta data, optei por um poema do seu primeiro
romance, escrito em 1930, era então um pai menino - Maria
Julieta tinha 2 anos. Para ele também foram os primeiros passos,
para da lei da morte se ir libertando, parafraseando Luís de Camões.
Cansados de trágicas notícias, optei por um poema divertido.
estamos todos bem precisados de um pouco de humor...
Sei que o Poeta concordaria.



 Balada do amor através das idades
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«Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana, mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigámos, morremos.
Virei soldado romano
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
Encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois. 
Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria do meu bergantim.
Mas quando te ia pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal da cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também...
Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento,
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.
Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos»




10 agosto 2017

GIOVANNA GARZONI



O VERÃO  DE  VIVALDI
  

~~ Naturezas mortas ~~
 
*Homenagem a Giovanna Garzoni*
1600 - 1670

Era italiana, a quem chamavam «a casta», por ter feito voto de castidade,
desse modo conseguiu percorrer toda a Europa e adquirir vasta cultura.
Os seus pais eram de origem veneziana, mas não se conhece a verdadeira
origem da vocação que a tornaria notabilíssima representante do barroco.
Executou retratos e pinturas sacras magníficas, porém
nas suas naturezas mortas, preferiu sempre  pintar elementos vegetais,
insectos e pequenos animais...
O que mais me seduz na sua obra são os testemunhos do modo de vida
da sua época, neste caso, os vegetais europeus usados na alimentação.
«A arte, um dos grandes valores da vida, deve ensinar aos homens:
humildade, liberalização, sabedoria e magnanimidade.»
William Maugham


«As cores na pintura são atrativos que seduzem os olhos
 e o espírito, como a beleza dos versos na poesia.»
Nicolas Poussin
Adaptado



«Em todas as coisas da natureza
 existe algo maravilhoso»
Aristóteles



«A finalidade da arte não é agradar...
A finalidade da arte é enlevar.»
Fernando Pessoa 




«O talento desenvolve-se no amor que pomos
 no que fazemos.»
Máximo Gorki



«Como pintor, torno-me mais lúcido 
quando confrontado com a natureza»
Paul Cézanne



«A Terra tem recursos suficientes para prover as necessidades 
de todos os seres humanos, mas não a avidez de cada um.»
Mahatma Gandhi

05 agosto 2017

«BEETHOVEN, THE MOONLIGHT SONATA»



... LUAR DE AGOSTO ...

~~ Para todos, noites muito especiais e felizes ~~

Daniel Barenboim - Ópera de Viena
O famoso pianista e maestro toca «Sonata ao Luar»...
A sonata para piano nº 14, Op. 27, nº2 de Beethoven.

~~~ Ivan A Aivazovskii - O Golfo de Nápoles ao luar ~~~

«Estou a ouvir música.
Debussy usa as espumas do mar a morrer na areia,
refluindo e fluindo.

Bach é matemático.
Mozart é o divino impessoal.
Chopin conta a sua vida mais íntima.
Schoenberg, através do seu eu, atinge o clássico eu de todo o mundo.
Beethoven é a emulsão humana em tempestade
procurando o divino
e só o alcançando na morte.

Quanto a mim,
que não procuro música,
só chego ao limiar da palavra nova.
Sem coragem de a expor.

O meu vocabulário é triste
e às vezes wagneriano-polifónico-paranóico.

Escrevo muito frio e muito nu.
Por isso fere.
Sou uma paisagem cinzenta e azul.
Elevo-me na fonte seca e na luz fria.»

~~ Clarice Lispector ~~
Um Sopro de Vida
1 979 - Edição póstuma
Seu último romance publicado um ano após o seu falecimento.

Ivan A Aiavazovkii - Constantinopla ao Luar 

Ivan A Aiavazovkii - Luar no Mar Negro

Ivan Konstantinovich Aivazovskii
Romantismo tardio
1817 - 1900