* Com Carlos Drummond de Andrade em comiseração pelo povo de Brumadinho, Belo Horizonte * |
~~ 1902 - 1987 ~~
|
Já no século XIX, extraía-se ferro artesanalmente em Minas Gerais,
mas foi no início do século passado, quando os cientistas descobriram,
que o subsolo deste estado continha o maior jazigo de minerais de ferro
do mundo, que toda a tocante beleza de montanhas, vales, rios, lagoas
mas foi no início do século passado, quando os cientistas descobriram,
que o subsolo deste estado continha o maior jazigo de minerais de ferro
do mundo, que toda a tocante beleza de montanhas, vales, rios, lagoas
e cachoeiras daquela espetacular região. coberta pela Mata Atlântica,
ficou condenada, a favor do aço.
Estátua de Drummond de Andrade no Pico do Amor... Daqui
ficou condenada, a favor do aço.
Estátua de Drummond de Andrade no Pico do Amor... Daqui
~~ Itabira ~~
«Cada um de nós tem um pedaço no pico Cauê.
Na cidade toda de ferro
as ferraduras batem como sinos
Os meninos seguem para a escola.
Os homens olham para o chão.
Os ingleses compram a mina.
Só, na porta da venda, Tutu Caramujo cisma na derrota incomparável»
*****
Alguma Poesia - 1930
«Chego à sacada e vejo a minha serra,
a serra do meu pai e do meu avô,
de todos os Andrades que passaram
e passarão, a serra que não passa.
*
Era coisa de índios e a tomamos
para enfeitar e presidir a vida
neste vale soturno onde a riqueza
maior é sua vista e contemplá-la.
*
De longe nos revela o perfil grave.
A cada volta do caminho aponta
uma forma de ser, em ferro, eterna
e sopra eternidade na fluência.
*
Esta manhã acordo e
não a encontro.
Britada em milhões de lascas
deslizando em correia transportadora
entupindo 150 vagões
no trem-monstro de 5 locomotivas
- o trem maior do mundo, tomem nota -
foge minha serra, vai
deixando no meu corpo e na paisagem
mísero pó de ferro e este não passa.»
******
Menino Antigo
~ 1973 ~
Na cidade toda de ferro
as ferraduras batem como sinos
Os meninos seguem para a escola.
Os homens olham para o chão.
Os ingleses compram a mina.
Só, na porta da venda, Tutu Caramujo cisma na derrota incomparável»
*****
Alguma Poesia - 1930
O pico Cauê - 'dos irmãos' (derivação africana) - foi uma elevação que de
1 385m passou a 150m de altitude. Desapareceu pela mineração, deixando
uma vasta chaga ambiental.
«Chego à sacada e vejo a minha serra,
a serra do meu pai e do meu avô,
de todos os Andrades que passaram
e passarão, a serra que não passa.
*
Era coisa de índios e a tomamos
para enfeitar e presidir a vida
neste vale soturno onde a riqueza
maior é sua vista e contemplá-la.
*
De longe nos revela o perfil grave.
A cada volta do caminho aponta
uma forma de ser, em ferro, eterna
e sopra eternidade na fluência.
*
Esta manhã acordo e
não a encontro.
Britada em milhões de lascas
deslizando em correia transportadora
entupindo 150 vagões
no trem-monstro de 5 locomotivas
- o trem maior do mundo, tomem nota -
foge minha serra, vai
deixando no meu corpo e na paisagem
mísero pó de ferro e este não passa.»
******
Menino Antigo
~ 1973 ~
Fonte da foto - B
Bela homenagem nesse doloroso momento que MG vive! beijos praianos,chica
ResponderEliminarJunto a minha solidariedade à sua para com as pessoas de Brumadinho. E também a minha tristeza pelas que morreram, pelas que desapareceram, pelas que ficaram sem casa.
ResponderEliminarDrummond de Andrade, poeta atento a tudo o que o cercava, denunciou nos seus poemas aquilo que já era uma tragédia, em nome do lucro e da ganância, quando já não encontrava a sua montanha de brincadeiras de criança. "Os meninos seguem para a escola. Os homens olham para o chão. Os ingleses compram a mina". O poeta adivinhou este desastre de lama…
Uma boa semana.
Um beijo.
Uma bela e sentida homenagem Majo! Bj
ResponderEliminarBelíssima homenagem. Muito, muito obrigada!
ResponderEliminarBeijos e um excelente dia!
Olá, Majo, amiga distante,
ResponderEliminarDepois da tragédia de Bento Rodrigues (hoje uma cidade fantasma) e Mariana, eram cidades, por assim dizer, geminadas; do Museu Nacional e agora Brumadinho (por pouco os mineiros não perderam um dos maiores museus a céu aberto do mundo - Inhotim). Até quando perderemos vidas e patrimônio artístico e cultural neste país pela omissão dos nossos gestores?
Abraços, Majo!
Que diria Carlos Drummond de Andrade se ainda estivesse entre nós? Uma postagem pertinente nestes tempos da tragédia brasileira. A nossa homenagem aos mártires de Brumadinho!
ResponderEliminarAbraço,
Boa tarde Majo,
ResponderEliminarUm excelente post de solidariedade para com os nossos irmãos do Brasil em resultado das tragédias que recentemente se verificaram.
Um beijinho e continuação de uma boa semana.
Ailime
A revolução das palavras no poema de Carlos Drummond de Andrade e nas tuas também, minha amiga Majo. É de louvar a tua luta por causas humanitárias.
ResponderEliminarDesolada e solidária, deixo um forte abraço.
Muito triste o que aconteceu! :( Achei bonita a homenagem querida Majo. Beijinhos
ResponderEliminar--
O diário da Inês | Facebook | Instagram
Majo,
ResponderEliminarMuito obrigada por essa
publicação, fico emocionada.
Meu poema no Espelhando
é minha forma de me expressar.
Bjins querida.
CatiahoAlc.
Uma belíssima homenagem. Parece que ainda há tão pouco tempo foi Mariana e não serviu de nada, ninguém tomou medidas para que não voltasse a acontecer.
ResponderEliminarAbraço
Boa noite, Majo!
ResponderEliminarEu,brasileira, emocionada agradeço essa homenagem a Minas Gerais.
Infelizmente o deus "Capitalismo" não poupa nada e ninguém, é irracional e desumano; é cruel!
Procure ler o poema "Lira Itabirana", de Drummond.É um poema profecia...
Um abraço afetuoso e cheio de gratidão.
Uma tragédia brutal e que só se explica pela ganância que leva a desafiara a Natureza!! :(
ResponderEliminarBeijinhos
Lo que hoy sentimos es dolor por la actual tragedia, la pérdida de vidas y el horror de tanto sufrimiento. Pero este dolor viene a sumarse al dolor de la pérdida de la naturaleza, de la altura de la montaña y porque el hierro es el pan de los hombres que no tienen otra forma de ganárlo, mientras en los despachos viven tranquilos los directivos de las minas y se hacen ricos los accionistas sin mancharse las manos pero espero que una mancha persistente y pegajosa se adhiera a sus conciencias.
ResponderEliminarUn abrazo solidario con todo el pueblo brasileño.
Estamos todos com o povo brasileiro em mais esta tragédia.
ResponderEliminarAbraço
Olhar D'Ouro - bLoG
Olhar D'Ouro - fAcEbOOk
Olhar D'Ouro – yOutUbE * Visitem & subcrevam
Linda e sentida homenagem ao sofredor povo de Brumadinho, em Minas Gerais.
ResponderEliminarO poeta Drummond viu primeiro. Os gananciosos capitalistas não querem ver nunca. Opovo sofre.
Muito obrigada, Majo, por partilhares o que te vai no coração.
Beijo.
sentida homenagem Majo,
ResponderEliminartristeza, verificando-se que as tragédias continuam a acontecer por todo o mundo
inundações, ruturas de barragens, degelo, incêndios florestais, tragédias e sofrimento…
abraço
Angela
Como brasileira, agradeço a solidariedade tão amorosa do seu post, Majô!
ResponderEliminarRealmente, triste e lamentável o ocorrido!... Clamores por consolos e por medidas maduras para os familiares, região... Ah!...
O meu abraço
Querida Majo
ResponderEliminarTão desolada estou que me faltam palavras para agradecer a sua linda homenagem a todos nós brasileiros, especialmente os mineiros por esta tragédia que ceifou centenas de vidas
Obrigada de coração pela sua solidadriedade e de outros tantos amigos portugueses
Daqui da minha cidade já foram resgatados dois corpos. Que Deus console os corações de todas as famílias que perderam seus entes amados
O meu carinho abraço e o meu sincero obrigada
Grande beijo amiga
Querida Gracita, realmente os arredores da capital, a grande metrópole que é Belo Horizonte têm sido massacrados...
EliminarÉ uma morte indigna e atroz para pessoas que trabalhavam para o sustento da família.
Comove-me... Lamento muito, Amiga.
Abraço grande e terno.
Beijo afetuoso.
~~~
Parabéns pelo belíssimo trabalho apresentado.
ResponderEliminarQuanto ao desastre ... maximização de lucros = $
Bj.
Não conhecia esse texto de Drummond, mas bem conheço o monstro de flagelos que assola minha querida terra , Minas Gerais. Talvez eu não escreva sobre, mas quem sabe, quando a tristeza amenizar; coisa que apenas o tempo dirá. Um grande abraço.
ResponderEliminarTerno abraço, Beto.
Eliminar~~~
Uma tragédia actual... e ambiental... nesta tão massacrada região...
ResponderEliminarUma notável homenagem, Majo, como sempre apoiada em escolhas, ao mais alto nível!...
Beijinho! Bom domingo!
Ana
Isso Majo a historia de uma empresa no auge de sua vida e nos momentos mais críticos nos últimos trés anos. Quem vestiu a camisa da empresa com todo orgulho do mundo, sabe hoje o que significava toda aquela nossa dedicação na quebra de recorde de exportação. O Pico sumia sob nossos pés. A cidade agraciada com as melhorias fechava os olhos para os danos, que ao poeta amargava. O Pico do Amor em referencia, assistia a degradação do Pico do Cauê, no Pico do Amor eu sentava junto do Cruzeiro e via os vagões ao longe levando o Cauê, era tudo bonito a locomotiva serpenteando e apitando aos meus pés.
ResponderEliminarHoje no Pico do Amor é o Memorial de Drummond ali bem pertinho de casa de minha mãe. Somos o primeiro bairro criado pela Vale pela proximidade da mineração, ficamos na parte mais alta da cidade, ainda não entendo como sobreviveu às explorações na região.Minha casa vibrava em cada detonação e muitas vezes pediam que ficássemos fora das casas.
E hoje a lama se repete e nos deixa entristecidos porque amamos a Vale como nossa e jamais imaginávamos tais irresponsabilidade, que fez chorar Mariana e cobre de lama a Brumadinho tão fora do circuito de exploração mineral, por estar fora do Vale do Aço e zona metalurgia. Aconteceu amiga e vamos chorar por tamanha devastação criminosa.
Outra boa solidariedade com parte da historia ao olhar do poeta maior.
Grato Majo.
Beijos
GRANDE AMIGO, AGRADEÇO A DEDICAÇÃO E TESTEMUNHO. TERNO ABRAÇO.
Eliminar~~~~
~~~
ResponderEliminarGRAÇA SAMPAIO
Comentou falando da sua indignação, comiseração e solidariedade
com as vítimas do sinistro.
Agradeço-te muito a colaboração, Graça.
Porém, o comentário desapareceu ou por lapso meu, ou por falha técnica,
pelo que, te peço muita desculpa, querida Amiga.
Beijinhos
~~~~
~~~
ResponderEliminarAGRADEÇO A TODOS A COLABORAÇÃO E INTERATIVIDADE QUE VIERAM
DAR FORÇA AO PROTESTO DESTE BLOGUE PELA INCÚRIA DOS QUE
PENSAM QUE TUDO PODEM PORQUE SÃO OS DONOS DO DINHEIRO.
POR OUTRO LADO, FIZEMOS UMA HOMENAGEM ÀS VITIMAS E COMO
A GRACITA MINEIRA DIZ, 'DEUS CONSOLE OS FAMILIARES'.
AMIGOS, ABRAÇOS CORDIAIS.
~~~~~~~~~
Embora com atraso, agradeço-lhe, minha Amiga o ter-me compreender a poesia de Drummond de Andrade.
ResponderEliminarUm mundo de tragédia levado a cabo pela ganância. Um post espectacular.
Bj
Olinda