27 agosto 2016

MIGUEL TORGA... PRAIANO...


... Um toque de sensualidade e humor saudáveis ...
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Quem observa esta fotografia tirada na Figueira da Foz, possivelmente de 1940
 - no inicio da segunda guerra mundial - verifica de imediato, a relação
da maioria das pessoas com a praia.
Adolfo Rocha casaria com Andrée Crabbé nesse ano.

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 «O mar. Mal cheguei, mergulhei nele. Vinha abrasado de calor e de saudades.
Os que falam do meu telurismo, nem imaginam o meu fascínio pelas ondas.
Nasci, de facto, em terra firme. Mas sou anfíbio, carnal e espiritualmente.»

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Oura, 1 de Agosto de 1987 - Diário XV

Praia de S Pedro de Moel

                       ... PRAIA ...
 Nem mar, nem terra - a estrema que os separa
Esta orla de areia
Onde, feliz, passeia,
Só vestida de sol,
A nudez dos humanos,
Um limbo de brancura e de alegria.
O tempo sem poder fazer seus danos,
E nenhum rasto ao fim de cada dia. m

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~~ Miramar, 1957  ~  Diário VIII ~~

~~ Praia de Oura,  Albufeira ~~

Este é um dos poemas mais eróticos do digno e honrado médico.
Coloca o eu poético como um Apolo virgem, em total despojamento,
colhendo os prazeres da praia, das cores, da frescura, das ondas...

                               ~~ ODE ~~
Eis-me nu e singelo!
Areia branca e o meu corpo em cima.
Um puro homem natural e belo,
de carne que não peca e que não rima.

*
A linha do horizonte é um nível quieto;
As velas, de cansaço, adormeceram;
E penas brancas, que eram luto preto,
Perderam-se no azul de onde vieram.
*
 Sol e frescura em toda a praia
Onde não pode haver agricultura;
Esterilidade limpa, que não caia
De pão e vinho a cósmica fartura.

*
 Dançam toninhas lúdicas no céu
Que visitam ligeiras e felizes;
Uma força sonâmbula as ergueu,
  Mas seguras à seiva das raízes.

*
Nem paz, nem guerra, nem desarmonia;
O sexo alegre, mas a repousar;
Em pleno, largo e caudaloso dia,
Sem horas e minutos a passar.
*
 Vem até mim, onda que trazes vida!
Soro da redenção!
Vem como o sangue de outra mãe pedida
Na hora de dar mundo ao coração.
*****
~~ Odes - 1946 ~~

Praia do Cabedelo - Figueira da Foz
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Fontes das fotoA  
~   -  B  -  C  ~                              

24 comentários:

  1. O mar da Figueira convida a isso. Parece que nunca chegamos à água pelo longe que se encontra: que língua de areia!
    Nunca me deixei apaixonar por essa praia, mas gosto muito de São Martinho do Porto.
    O poeta, um dos grandes,
    Abraços de vida, querida amiga.

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  2. Sempre gostei de Miguel Torga. Os seus contos denotam a sua dedicação pelas pessoas pobres, as suas experiências rurais.
    Bom fim de semana, Majo.
    : )

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  3. Um belíssimo poema de Torga, diferente da maioria que conhecia. Não conheço a Figueira da foz, onde fui uma única vez há 50 anos. Conheço S. Martinho do Porto onde ainda estive há dois anos.
    Um abraço e bom fim de semana

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  4. Agosto
    Um belo Torga
    e um post cheio de bom gosto

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  5. Muito interessante. Como sempre.

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  6. Não conhecia este poema. Belíssimo.
    E sobre o Algarve, dizia Torga que era sempre um dia de férias na pátria... :)

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  7. Adoro o Torga e o mar também!
    bj

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  8. Momento indescritível, Majo em leituras, novos conhecimentos e aprendizados e música como trilha sonora! Obrigada!
    Abraço.

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  9. Merecida homenagem a um grande escritor.
    Gostei muito.
    Majo, tem um bom domingo e uma boa semana.
    Beijo.

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  10. Miguel Torga. A praia da Figueira da Foz. A música. Tudo em concordância com o meu gosto. Torga, como já tenho dito, foi o meu primeiro amor na escrita. A Figueira da Foz é a terra onde nasci, em casa como era costume na época. O mar era então mais bravo. No inverno invadia a marginal... Fez-me saudades desses tempos em que comecei a ler Miguel Torga, fascinada com a postura do homem e do escritor...
    Um bom domingo, minha Amiga Majo.

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  11. Torga - Médico, escritor, poeta! O seu casamento com uma estudante belga, que conheceu num "Erasmus" daqueles tempos, teria sido o grande amor da sua vida.
    Relembrar estas belíssimas praias portuguesas é sempre um prazer. Mas há uma,
    São Pedro de Moel, que para mim tem um significado especial.

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  12. Uma bela homenagem ao grande poeta! Bons dias de praia!

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  13. Um telúrico, mas um Homem completo. Este aspecto não o impedia de saborear a beleza do mar.
    Os Homens grandes são assim: inteiros.

    Abraço.

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  14. Presença assídua na Baixa de Coimbra (tinha o consultório no Largo da Portagem), amigo do meu padrinho, não era um homem muito sociável.
    Beijinhos, boa semana

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  15. Madrinhamiga

    Também tive ao privilégio e a honra de conhecer Torga no seu consultório de Coimbra. E também uma parte de sorte (porquê ignora-lo?) A sorte não espera por nós ali na próxima esquina; é preciso procura-la.

    Neste momento muito difícil por que estamos a passar fez-nos bem a tua presença e as tuas palavras. És uma AMIGA nem grande nem pequena, és apenas uma AMIGA querida Madrinha

    Bjs da Raquel que não conheces, tampouco a mim temos de nos encontrar muitos qjs do afilhado Leãozão

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  16. Bela apresentação Majo, que lindeza de poetizar inspirado neste mar.
    Valeu amiga.
    Uma semana linda para voce.
    Bjs

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  17. Saborosos e sensíveis escritos do Médico da Poesia. A sua menor sociabilidade perde-se nos Versos. Partilhar estes Poemas é como que um alongamento na extensão da vida.
    Parabéns, Majo.



    Beijo
    SOL

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  18. Estive a reler e fiquei muito sensibilizada por terem apreciado recordar
    ou tomar conhecimento de outra faceta deste poeta que toca o coração de
    todos que se expressam na Língua Portuguesa.
    Fico muito grata pelo incentivo.
    Abraços cordiais.
    ~~~~~~~~~

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  19. O mar ou praia sempre dá belas inspirações...
    É uma leveza que traz o infinito para dentro de cada um de nós.
    Quando vejo uma imensidão de água; penso na criação do mundo.
    Abraços.
    janicce.

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  20. O nosso Torga... É comum identificá-lo como um ser telúrico, facto que pode ser redutor para quem não conhece a largueza temática da sua produção literária. Parabéns por teres trazido, de forma brilhante, o seu lado marítimo.
    Bjo, Majo :)

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  21. Acho que é mesmo essa sensação que o mar me passa... a de trazer mundo ao coração...
    Um post formidável... que adorei apreciar nesta zona, à beira mar, aqui na Ericeira...
    Como sempre... um conteúdo de excepção! Parabéns, Majo!
    Beijinho
    Ana

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  22. Estou a dar a volta e prometo voltar a este trabalho.
    Bj.

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  23. Figueira, que foi de finas areias, mar de sereias...

    Hoje, um esqueleto...

    Beijocas

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  24. Li e vi. E recordei das minhas leituras o artista, como tantas vezes se considerava Torga nos seus Diários, o autor mais virginalmente português.
    Esplêndido trabalho, Majo.

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