**Património Cultural Imaterial da Humanidade** ... UNESCO ...
~~ Desde 16/11/2010 ~~
... Bailando o flamenco em Sevilha ...
Aorigem do flamenco é exclusivamente andaluza, apareceu a meio do sec XVIII como manifestação folclórica com influências árabes, judaicas e ciganas. Sapateado, castanholas, estalidos de dedos, as palmas, apoio e aplausos dum coro, são características frequentes.
Porém, o que mais impressiona nestas manifestações artísticas é o notável salero: o brio, garbo, galhardia com que são executadasna minha opinião inimitáveis. Salero provém de sal, o que dá gosto. Atualmente é praticado em todo o mundo, mas é o Japão que possui mais escolas... mais do
que Espanha!
~~ Baile acompanhando a orquestra na 'Suite Andalucia'~~
Da Bachiana Brasileira nº1, de Villa-Lobos - Prelúdio - Ária 'Modinha'
... Heitor Villa-Lobos e Cecília Meireles foram contemporâneos ...
A Poeta chegou a aprender canto, violino e violão.
Cecília Benevides de Carvalho Meireles
~~ Rio de janeiro, 7/11/1901 -- 9/11/1964 ~~
Notabilizou-se como pedagoga, poetisa e tradutora.
Teve papel relevante na educação e cultura do seu tempo.
Descendente de portugueses, seu prestígio foi internacional. Traduziu várias línguas, incluindo russo, chinês, hebraico, sânscrito, hindi e seus dialetos, sendo premiada pela Índia.
Uma vida dedicada às Letras desde menina, permitiu que
escrevesse no Parnasianismo, Modernismo e Simbolismo.
Não é fácil selecionar textos para uma homenagem à Poeta, porque eles estão espalhados pelos
livros escolares, ainda ensinando aos estudantes brasileiros o que é Poesia e como escrevê-la.
Assim, a minha preferência baseou-se especialmente em afinidades afetivas.
~~ Motivo ~~
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«Eu canto porque o instante existe
a minha vida está completa.
não sou alegre nem triste,
sou poeta.»
Esta lengalenga constava do livro de textos de Língua Portuguesa do 3º ano de minha filha,
pelo que, tenho por ela muita ternura e desperta-me grande saudade da sua infância.
~~ Jogo da bola ~~
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A bela bola
rola:
A bela bola do Raul.
o
Bola amarela a da Arabela,
a do Raul,
azul.
o
Rola a amarela
e pula a azul.
o
A bola é mole,
é mole e rola
o
A bola é bela,
é bela e pula.
o
É bela, rola e pula,
é mole, amarela, azul.
o
A de Raul é de Arabela,
a de Arabela é de Raul.
Gosto deste poema marítimo, em que autora lembra os seus genes das ilhas portuguesas dos Açores
-- «porque isto é mal de família, ser de areia, de mar, de ilha...»
~~ Beira-mar ~~
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«Sou moradora das areias
de altas espumas: os navios
passam pelas minhas janelas
como o sangue das minhas veias,
como os peixinhos nos rios...
*
Não têm velas e têm velas
e o mar tem e não tem sereias:
e eu navego e estou parada,
vejo mundos e estou cega,
porque isto é mal de família,
ser de areia, de mar, de ilha...
E até sem barco navega
quem para o mar foi fadada.
*
Deus te proteja, Cecília
que tudo é mar e mais nada.»
Embora a autora tenha afirmado que não era alegre nem triste, perpassa por toda a sua poesia de
adulta, uma melancolia triste contida, mas perfeitamente sentida e comovente...
~~ Epigrama nº 3 ~~
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«És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir e quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo
e, para te medir, se inventaram as horas.
Felicidade, és coisa estranha e dolorosa.
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
porque um dia se vê que as horas todas passam
e um tempo despovoado e profundo, persiste.»
A escritora titulou-se 'poeta', porém, a verdade é que a sua escrita é bastante feminina.
~~ De 'Canção' ~~
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«De longe te hei-de amar
da tranquila distância
em que o amor é saudade
e o desejo constância.»
O séc XX iniciou-se com a auspiciosa instalação da luz elétrica nas cidades. Creio que o
mundo cria que se iniciava um novo ciclo civilizacional, o que realmente aconteceu mais
a nível tecnológico, porém, nesse novo mundo iluminado, a década deu à luz uma ilustre
plêiade de autores ilustres em Língua Portuguesa, que marcaram a cultura do seu tempo,
expressando-se também pela poesia.
De 1 901, sã0 José Régio, Cecília Meirelles e Vitorino Nemésio. Seguiram-se Drummond
de Andrade, João Gaspar Simões, Pedro Homem de Melo, Mário Quintana, Miguel Torga
e de Cabo Verde, Jorge Barbosa, Lopes da Silva e Manuel Lopes.
Escritores que são marcos na História da Literatura.